O Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) registrou inflação de 0,31% em abril, uma inversão de sinal em relação a março e fevereiro, quando apresentou quedas de 0,47% e 0,52%, respectivamente, informou o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre).
A alta ficou acima da mediana das estimativas de 21 consultorias e instituições financeiras ouvidas pelo Valor Data, de +0,10%, com intervalo das projeções indo de -0,14% a +0,26%.
Com esse resultado, o índice acumula queda de 0,60% no ano e de 3,04% nos últimos 12 meses. Em abril de 2023, o índice tinha registrado taxa de -0,95% no mês e acumulava queda de 2,17% em 12 meses anteriores.
“Vários produtos essenciais registraram movimentações significativas no último levantamento do índice ao produtor. Entre eles, destacam-se aumentos no preço do cacau, que saltou de 19,92% para 63,63%, e do café, que foi de 0,62% para 9,57%, além da soja, que passou de -0,47% para 5,66%. Por outro lado, o minério de ferro apresentou uma redução menos acentuada, caindo de -13,27% para -4,78%, o que também teve papel importante na aceleração da taxa do IPA. No índice ao consumidor, os alimentos in natura continuam sendo um dos maiores contribuintes, com destaque para o tomate, que variou de -0,36% para 16,19%, e o mamão, que aumentou de 3,17% para 25,55%. Na construção civil, o destaque fica para o grupo mão de obra, cuja taxa de variação subiu de 0,23% para 0,74%”, diz André Braz, coordenador dos índices de preços do FGV Ibre e responsável pelo indicador.
Com peso de 60%, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA-M) subiu 0,29% em abril, uma inversão do comportamento observado em março, quando registrou queda de 0,77%.
Analisando os diferentes estágios de processamento, percebe-se que o grupo de Bens Finais caiu 0,13% em abril, uma variação inferior à alta de 0,03% registrada em março.
Essa virada foi impulsionada principalmente pelo subgrupo de alimentos in natura, cuja taxa se inverteu de +2,17% para -2,37% no período. O índice correspondente a Bens Finais “ex”, que exclui os subgrupos de alimentos in natura e combustíveis para consumo, variou de -0,22% em março para 0,05% em abril.
A taxa do grupo Bens Intermediários subiu 0,72% em abril, intensificando a alta observada no mês anterior, quando registrou 0,22%. O principal fator que influenciou esse movimento foi o subgrupo de materiais e componentes para a manufatura, cuja taxa passou de 0,06% para 0,85%.
O índice de Bens Intermediários “ex”, que exclui o subgrupo de combustíveis e lubrificantes para a produção, registrou alta de 0,63% em abril, após variar 0,16% observada em março.
O estágio das Matérias-Primas Brutas apresentou alta de 0,24% em abril, comportamento oposto ao de março, quando caiu 2,71%. A aceleração deste grupo foi principalmente influenciada por itens chave, tais como o minério de ferro, que suavizou a queda de 13,27% para 4,78%, a soja, cuja taxa alterou de -0,47% para 5,66%, e o café em grão, que acelerou de 0,62% para de 9,57%.
Em contraste, alguns itens tiveram um comportamento oposto, entre os quais se destacam a laranja, que despencou de uma alta de 17,27% para 2,81%, o algodão em caroço que retrocedeu de uma alta de 7,23% para uma queda de 4,25% e a cana-de-açúcar, que recuou de 0,04% para -1,09%.
Com peso de 30%, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC-M) registrou uma variação de 0,32%, avançando em relação à taxa de 0,29% observada em março. Entre as oito classes de despesa que compõem o índice, cinco delas exibiram aceleração em suas taxas de variação.
O maior impacto veio do grupo Educação, Leitura e Recreação, cuja taxa de variação passou de -1,85% para -1,37%. Dentro dessa classe de despesa, é importante destacar o subitem passagem aérea, que passou de -10,53% na medição anterior para -8,94% na atual.
Também apresentaram avanço em suas taxas de variação os grupos Alimentação (0,68% para 0,83%), Saúde e Cuidados Pessoais (0,42% para 0,63%), Habitação (0,47% para 0,54%) e Comunicação (-0,06% para 0,16%).
A FGV destaca o comportamento dos seguintes itens dentro dessas classes de despesa: hortaliças e legumes (-0,29% para 6,04%), medicamentos em geral (-0,01% para 2,48%), tarifa de eletricidade residencial (-0,52% para 0,92%) e tarifa de telefone móvel (-0,10% para 1,27%).
Em contrapartida, os grupos Transportes (0,64% para 0,24%), Despesas Diversas (0,81% para 0,18%) e Vestuário (0,13% para 0,05%) exibiram recuo em suas taxas de variação.
Dentro dessas classes de despesa, destaque para gasolina (1,50% para 0,30%), serviços bancários (1,45% para 0,20%) e serviços de confecção (0,00% para -2,37%).
Por fim, com os 10% restantes, o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC-M) registrou uma alta de 0,41% em abril — dado já divulgado anteriormente —, um valor ligeiramente superior à taxa de 0,24% observada em março.
Analisando os três grupos constituintes do INCC, observam-se as seguintes variações na transição de março para abril: o grupo Materiais e Equipamentos apresentou um recuo, passando de 0,26% para 0,17%; o grupo Serviços teve uma elevação de 0,14% para 0,29%; e o grupo Mão de Obra registrou novo avanço, variando de 0,23% para 0,74%.
Apesar de ser considerado o indicador do mês fechado, para o cálculo do IGP-M e de seus componentes, são comparados os preços coletados do dia 21 do mês anterior ao dia 20 do atual (o de referência) com os do ciclo de 30 dias imediatamente anterior.
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Fonte: Valor Econômico - Brasil, por Ana Luiza Tieghi, Valor — São Paulo, 29/04/2024